Greve: um direito conquistado

A sociedade brasileira ainda não sabe o poder da mobilização social na busca de direitos

Na última semana os diários e os jornais de TV que os trabalhadores na França realizaram um greve contra as reformas governistas em relação a aposentadoria. Eles pretendem aumentar a idade limite de 60 para 62 anos e, no caso do benefício integral, de 65 para 67.

Aeroportos, estaçãos de trem, transportes de ônibus e professores aderiram ao movimento e parte do país foi paralisado. Os estudantes entraram em conflito com a polícia francesa pelo mesmo motivo. Afinal de contas, seus futuros serão comprometidos com a alteração.

No Brasil o direito de fazer greve está garantido pela Constituição, porém é algo que nem todas as classes trabalhadores utilizam por se sentirem coagidas diante dos patrões e, em muitos casos, dos sindicatos que não defendem quem realmente deveriam.

Em São Paulo, quando há greve dos transportes públicos como ônibus, trens, metrô e professores (claro que não ocorrem simultâneamente como na França e Grécia) a população esbraveja e reclama porque terão problemas pessoais para chegar ao trabalho.

Devemos concordar a paralisação afeta milhares de pessoas, mas em muitos casos o trabalhador tem medo de chegar atrasado no trabalho e receber reclamações dos chefes. Que nunca escutou do patrâo que se o metrô está de greve que vá de ônibus? Ou que se não tem professor na escola deixe o filho com o vizinho ou algum parente próximo?

No Brasil, ao final da década de 90 o governo F.H.C. realizou uma alteração onde o trabalhador se aposentaria de acordo com a idade e não mais por tempo de serviço. Na época a sociedade não gostou da mudança, mas paralisações e greves não ocorreram e o caso ficou por isso mesmo.

As respostas para a inanição podem ser as sequintes:

1) A sociedade brasileira é manipulável e não acompanha os fatos como deveria;
2) Os jornais, que sempre apoiaram governos liberais e neo-liberais, não relataram a alteração como deveria;
3) O povo tinha idéia do que ocorreu, porém não se mobilizou por não acreditar em mudanças;
4) O povo sabia o que poderia acontecer, porém greves e paralisações poderiam fazer com que os trabalhadores se sentissem coagidos diante dos seus patrões futuramente;

Pode-se dizer que um pouco de cada compremete para que a sociedade brasileira conquiste mais direitos trabalhistas, mas o fato de sentir-se preso aos chefes impede de fato uma mobilização.

Em pleno século XXI a sociedade brasileira parece reviver a época escravocrata, onde deve trabalhar (em muitos casos sem ter horário para entrar e sair) para somente ter moradia e refeição.

Comentários

Marcos Guedes disse…
Texto muito legal, Thiago! A falta de mobilização da nossa sociedade tem reflexo direto nas palhaçadas políticas que acompanhamos ano a ano. Somente mudando esse padrão, é que poderemos almejar melhoras para o nossa país.
Vivian disse…
Parabéns Thiago, realmente acho que temos que começar por algum lugar, movimentos, abaixo-assinados como os que resultaram, por exemplo, na criação a lei ficha limpa. Pressionar o governo pela garantia de direitos igualitários, numa democracia, não deve ser demagogia ou pura retórica, mas, de fato, a própria democracia.
Sonho de verdade que este país seja mais justo, que seja para todos.

Um beijo Vivi

Postagens mais visitadas deste blog

Nos E.U.A. morar em trailer não significa ser viajante ou rico

Beasts of No Nation: um choque de realidade

Vida de Pasteleiro