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Mostrando postagens de agosto, 2020

O derretimento das geleiras bolivianas

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A Bolívia, país vizinho ao Brasil, recentemente vive uma crise política com Evo Morales retirado da presidência por ter tentado se perpetuar no poder com várias reeleições que, do meu ponto de visto, foi totalmente equivocado porque ele poderia ter apoiado um candidato do seu partido. La Paz, uma das capitais e sede do governo, está a mais de 3.600 acima de mar e El Alto, cidade vizinha onde localiza-se o aeroporto internacional de Viru-Viru e mais de 4.000 de altitude, extremamente pobre, com cerca de 2 milhões de habitantes, onde a situação tende a piorar por conta do aquecimento global que impacta diretamente nas geleiras e montanhas da região. Chacaltaya (em aymara seu nome significa Ponte de Gelo) é um dos picos da Cordilheira dos Andes e distante cerca de 30 quilômetros  de La Paz tem perdido muito de sua neve nos últimos anos. No passado muitas pessoas iam conhecer a estação de esqui mais alta do mundo e enfrentavam os efeitos da altitude, como o soroche, para esquiar com a famí

Sede de poder da elite boliviana

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 A Bolívia, país que já foi considerado o mais pobre da América do Sul, esbanjou crescimento econômico por mais de uma década , está em crise desde 2019 com a reeleição de Evo Morales e, consequentemente, sua retirada do poder pela oposição através do que alguns chamam de golpe e outros de retomada do poder. Em 2020 esse crescimento pode não ocorrer por conta da instabilidade política e a pandemia do COVID19. Evo, após assumir a presidência em 2006, nacionalizou o gás e o petróleo e negociou contratos com inúmeras multinacionais para que passasse a obter mais dinheiro das extrações ocorridas no país. O lítio, produto muito utilizado na produção de baterias de celulares e carros elétricos, também rendia muito receita. Além disso ele equalizou a situação da população indígena que antes era tratada como segunda categoria. Inclusive o bilionário Elon Musk admitiu auxílio para a instabilidade da nação. Na época, e até nos dias atuais, a elite boliviana não concordou com isso porque queria

Belarus: conversa com Volha Franco

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Professora de russo e apaixonada pelas obras de Jorge Amado, Volha Franco vive em Salvador, Bahia, e respondeu algumas perguntas sobre Belarus e a situação atual. Ela fala sobre o interesse pelo Brasil, a vida em uma ditadura, pandemia e fraudes em seu país. Na live do Facebook existem ainda mais detalhes. Como surgiu seu interesse pelo Brasil e quando se mudou para o país? Não havia motivação específica de vir ao Brasil. Eu estava estudando português por aprender alguma língua que não fosse muito difícil ou exótica. Quando tinha um nível intermediário comecei a ler Jorge Amado e através dos livros dele me apaixonei por Salvador, principalmente o Mar Morto, o livro que fez minha cabeça para eu ter que vir ao Brasil e ter contato com Iemanjá. Foi assim que cheguei em Salvador.   Durante a infância como foi viver em uma ditadura e quando se deu conta da situação de Belarus? Sobre a ditadura você vive nela e a percebe como normal, como algo natural. Então na infância não se dava muita co

Belarus: a última ditadura da Europa

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Situado no Leste Europeu e ex-república soviética, Belarus atualmente tem 9 milhões de habitantes e a maioria mora na capital Minsk. Governado desde 1994 pelo ditador Aleksandr Lukashenko, que em muitos momentos parece viver na era soviética, o país vive uma onde de protestos por conta da fraude nas últimas eleições. Fraudes ocorreram em todas as eleições desde a independência do país onde Lukashenko, ainda em 1994, sequer deveria se candidatar. O ditador, diferente de outros pelo mundo, sempre diz que cerca de 80% da população o reelegeu. Certa vez afirmou que praticamente todo o povo teria votado nele, mas optou por mentir e diminuir os números por conta da União Européia, que não acreditaria. O país, com grande potencial turístico e reconhecido na Unesco pelos seus castelos, pouco era citado na mídia brasileira até o início da pandemia. Em 2019 eu havia pesquisado bem pouco sobre história e os preços de vôos entre a Rússia e Belarus porque minha intenção é conhecer Moscou, São Peter

Categorias de base: custo ou investimento?

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Durante a pandemia, que se arrasta por ao menos 5 meses no Brasil, pouco tenho lido ou acompanhado notícias de esportes e, principalmente, sobre futebol. Inclusive, neste mesmo blog, publiquei o texto Futebol em plena pandemia onde concordo com o retorno dos campeonatos no país. Esta semana ao ver o facebook o título Por que o Brentford não tem categorias de base desde 2016 me chamou atenção e mesmo antes de ler me questionei: "Como um clube pode não ter categoria de base e o que o motivou a isso?". Assim como o Brentford  muitos clubes de divisões inferiores atuam com perspectiva de subirem de divisão e, quem sabe, chegar à elite nacional. Os acessos e algumas competições rendem dinheiro aos cofres que podem salvar financeiro o ano dessas equipes. Até mesmo aqueles times de cidades pequenas e com pouquíssimos torcedores têm esse objetivo. Porém, não é apenas isso! As categorias de base do clubes formam atletas que no futuro podem ser vendidos à preços altos e renderem dinh

Bom dia, Camaradas

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Para seguir na linha de autores africanos desta vez apresento um livro da literatura angolana. O livro Bom dia, Camaradas é um romance, de acordo com o autor, mas também um relato autobiográfico e fala da vida de um garoto que vive em Luanda, capital de Angola. Angola viveu em guerra por conta da independência de Portugal, que sabidamente colonizou alguns países no continente e, também, o Brasil. Os relatos, no começo, parecem ser bastante simples com conversas com empregados. O país, na década de 80 já era independente, e vivia uma guerra civil. O Movimento  Popular pela Libertação de Angola (MPLA) governava o país e era apoiado por Cuba e pela extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.). Foto retirada do site da Amazon Sem entrar detalhadamente em polícia, mas relembrando sua infância, o autor conta sobre os professores cubanos que foram ao país para atuar na educação, suas rotinas como cantar o hino na escola, cartões de abastecimentos e os horrores sobre viver em

Minha irmã, a serial killer

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O Brasil, colonizado pelos portugueses e com grande influência africana por conta dos anos de escravidão, não tem hábito de consumir cultura do grande continente e poucas são as obras literárias, músicas, filmes e séries apresentados e divulgados pela nossa mídia. Em 2019 a editora Kapulana  lançou o livro " Minha irmã, a serial killer"   e atua com divulgação de autores brasileiros, angolanos, moçambicanos, nigerianos, portugueses, quenianos e zimbabuanos. Ou seja, oferece espaço para culturas que os brasileiros têm pouco acesso. Aliás, muitas vezes pouco valorizadas por nós. Sobre o livro, tem uma narrativa em primeira pessoa que conta a história de duas irmãs completamente diferentes uma da outra. Korede, a narradora, trabalha como enfermeira e é amargurada e pragmática, enquanto Ayola, a caçula, a preferida da mãe e a mais bonita entre as duas, mas claramente com distúrbios psicológicos. Ayola, mimada, sempre tem seus desejos atendidos e no começo do livro percebe-se se t