Clássicos no Futebol

A rivalidade no futebol não está somente nas diferenças das camisas. Política e religião vivem no dia-a-dia das torcidas

A rodada do final de semana do campeonato Brasileiro teve inúmeros clássicos e movimentou as mais fanáticas torcidas pelos estádios.

Corinthians e Palmeiras em São Paulo, Grêmio e Internacional no Sul, Vasco e Flamengo no Rio de Janeiro e, pela Série B, Coritiba e Paraná (esses são somentes alguns exemplos) balançaram as redes e levou emoção em todos os cantos do Brasil.

Por mais fervorosos que são esses jogos e as rivalidades os agitem antes, durante e depois dos jogos, creio que as diferenças entre os times e torcidas sejam somente no futebol e não como em outros países onde religião e política fazem parte do contexto.

Na Sérvia, que já foi Iugoslávia e Sérvia e Montenegro, o jogo entre Partizan Belgrado e Estrela Vermelha mexe com os nervos dos torcedores e na Escócia Celtic e Rangens afloram sentimentos similares.

Na Sérvia os clubes foram fundados ao final da Segunda Guerra Mundial e o Estrela Vermelha era apoiado pelos comunistas enquanto o Partizan pelo exército. Aliás, no leste europeu do pós-guerra era evidente a existência de direita e esquerda na disputa pelo governo.

A rivalidade ultrapassa os gramados em uma dimensão tão grande que somente há pouco tempo um time contratou um jogador que havia atuado no rival.  O brasileiro Cléo e o atual goleiro da seleção sérvia jogaram no Estrela Vermelha e agora estão no Partizan. Ambos sofreram ameaças da torcida e tiveram que tomar precauções para andar pela cidade.

Diferenças religiosas também interferem na rivalidade dos clubes europeus

Na Escócia o clássico entre Celtic e Rangens mexe com a fé da sociedade, pois os verdes foram fundados por um padre irlandês o as azuis por protestantes, que até o final da década de 80 se recusavam a contratar um jogador católico para defender sua camisa.

Na Escócia e, principalmente na Irlanda, a diferença entre religiões gerou inúmeros conflitos e mortes. Até os dias atuais existem bairros de maioria católica ou de protestantes. Porém, durante a década de 90 uns não podiam passar pela área dos outros que sofriam agressões.

Ambos os lados chegaram em um acordo de paz, porém as diversidades permanecem no futebol e, assim como na antiga Iugoslávia, somente há pouco tempo um clube realizou a contratação de um jogador que havia passado pelo rival.

O futebol, assim como qualquer esporte, deveria servir para fazer a integração dos povos e unir pessoas de diferentes crenças, línguas e raças. Porém, no século XXI o mundo ainda não conseguiu superar as divergências e, com isso, agressões e mortes ocorrem em algo que deveria servir como diversão para a família.

Comentários

Anônimo disse…
Meu caro Thiago, brilahnte análise histórico até do futebol. Realmente, quando analisamos os confrontos de torcidas obeserva-se que muitos deles acontecem antes dos jogos e outros depois. Durante as partidas, as torcidas se provocam, é verdade, mas preferem assistir às partidas. sou do tempo em que não havia separação das torcidas e assistia jogos nos estádios ao lado de amigos que torciam para times diferentes do meu. quase não havia brigas como as de hoje. Mas me lembro muito bem que jornalistas esportivos começaram a pressionar a federação para que houvesse a separação das torcidas. O que aconteceu depois disso, a gente já sabe. Milhares de um lado e milhares de outro, só podia acabar em violência.
Abraços,
Ivan

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