Bloqueios no Perú dificultam vida de turistas
Chegar à Bolívia partindo do Perú pode não ser tão fácil e passar pelo Chile virou uma opção entre os viajantes
Por Thiago Marcondes
Desde o dia 09 de maio os trabalhadores da região de Puno, sul do Perú, entraram em greve e realizam protestos contra projetos ambientais das mineradoras, pois de acordo com eles os trabalhos podem prejudicar a população que depende da agricultura local.
A greve e os protestos são em estradas nas cidades peruanas de Desaguadero e Yunguyo que fazem fronteira com a Bolívia e são responsáveis por grande fluxo de mercadoria e turistas entre os 02 países. Essa situação gerou, e continua a gerar, problemas econômicos para ambas nações e muitas pessoas buscam alternativas para locomoção.
Até o dia 10 de maio ônibus com turistas e carros comuns passavam livremente de Copacabana (Bolívia) para Puno e somente os caminhões com mercadorais estavam proibidos de cruzar a fronteira. Porém, após essa data os manifestantes, que almejam melhorias nos projetos e também nas condições de trabalho, bloquearam todo o fluxo.
Para os turistas que estavam em Puno e necessitavam ir à Bolívia, como este blogueiro, foram oferecidas 02 opções. A primeira seria um ônibus até Juli, no Perú, depois 02 horas de lancha até a imigração e outro ônibus até Copacabana. De acordo com os agentes isso seria mais seguro ao custo de US$ 35.00.
A segunda opção seria cruzar o lago Titicaca e custaria os mesmos US$ 35.00 até a fronteira, mas demoraria cerca de 09 horas. Ou por US$ 100.00 teria uma lancha rápida e gastaria somente 04 horas de viagem. Nesse caso o transporte até Copacabana seria por conta própria e da imigração até a cidade são cerca de 20 minutos somente.
A primeira opção era a mais viável, mas como o ônibus até Juli não saiu sobrou apenas a segunda e como já eram 10 horas da manhã do dia 16 de maio não teriam mais lanchas, pois saiam somente pela manhã.
Para não ficar mais uma noite em Puno a única chance de chegar a Bolívia seria via Chile e, para isso, uma longa jornada deveria ser feita por turistas como eu, a canadense Jéssika e o colombiano Júnior.
Só para deixar os fatos mais claros vou detalhar os horários entre as cidades. De Puno para Copacabana são 03hs com a estrada liberada e de 06 à 10hs com ela fechada. Puno/La Paz são 07hs com tudo livre e de 10 a 14hs com os bloqueios. De Puno para Uyuni, onde temos o deserto de sal e era meu destino são 18h sem greves e cerca de 25hs com ela fechada.
Deserto de sal em Uyuni, Bolívia - Thiago Marcondes - 20/05/2011
Porém, ao fazer esse caminho via Chile o turista gastará praticamente 48 horas de viagem porque terá de fazer uma via sacra. Sair de Puno com destino à cidade peruana de Tacna (06 horas de van e cerca de 08 em ônibus), depois cruzar a fronteira com o Chile que leva cerca de 01 hora e pode ser feita em BUS ou taxi. Isso mesmo, em TAXI.
Ao chegar no Chile deverá pegar o ônibus à Bolívia na rua à 01 da manhã, pois ele vem de Iquique e não sai da rodoviária. Essa viagem leva cerca de 12h até La Paz porque a fronteira boliviana abre somente às 08 da manhã e o ônibus chega por volta de 05 da madrugada. A estrada é de terra e de ambos os lados há apenas mato, o que amedronta um pouco quem não está acostumado.
Para quem irá para Uyuni deverá descer na cidade boliviana de Patacamaya e pegar uma condução até Oruro, que são cerca de 1h30m e deve ser realizada na avenida principal, já que não há rodoviárias no local. Essa parte da viagem pode ser desafiadora, pois existem somente vans que fazem o trajeto ou o turista pode parar algum ônibus com destino à Oruro e tentar embarcar.
De Oruro até Uyuni são 07h de viagem. Os ônibus saem somente à noite e não têm cobertores e calefação, o que torna a viagem desconfortável porque no mês de maio as temperaturas pordem chegar a -15ºC durante à noite.
Todo o trajeto pode durar cerca de 48h e somente torna-se viável para que o viajante não durma uma noite a mais um Puno caso não tenha mais lanchas disponíveis e gaste dinheiro com hotéis e comida. Porém, vale ressaltar que por 02 noites seguidas dormirá em ônibus e que nem sempre terá conforto disponível.
Até o dia de hoje o impasse não foi resolvido cruzar a fronteira ainda é um problema para todos, inclusive turistas.
Thiago Marcondes é Jornalista
Comentários
Um forte abraço.
Ivan
Que atropelo.