Belarus: a última ditadura da Europa

Situado no Leste Europeu e ex-república soviética, Belarus atualmente tem 9 milhões de habitantes e a maioria mora na capital Minsk. Governado desde 1994 pelo ditador Aleksandr Lukashenko, que em muitos momentos parece viver na era soviética, o país vive uma onde de protestos por conta da fraude nas últimas eleições.

Fraudes ocorreram em todas as eleições desde a independência do país onde Lukashenko, ainda em 1994, sequer deveria se candidatar. O ditador, diferente de outros pelo mundo, sempre diz que cerca de 80% da população o reelegeu. Certa vez afirmou que praticamente todo o povo teria votado nele, mas optou por mentir e diminuir os números por conta da União Européia, que não acreditaria.

O país, com grande potencial turístico e reconhecido na Unesco pelos seus castelos, pouco era citado na mídia brasileira até o início da pandemia. Em 2019 eu havia pesquisado bem pouco sobre história e os preços de vôos entre a Rússia e Belarus porque minha intenção é conhecer Moscou, São Petersburgo, Kazan e provavelmente Nijni Novgorod. Uma vez no leste europeu aproveitaria para ir à outras cidade, mas não me aprofundei no assunto.



Esse ano Belarus ficou famosa no Brasil por ser o único país da Europa a não ter isolamento social por conta da pandemia. O ditador inclusive orientou as pessoas a beberem vodka, trabalhar no campo e ir à sauna para combater o COVID-19. O campeonato de futebol do país não foi paralisado e era proibido falar sobre a doença na mídia e nas ruas.

Após as eleições de agosto, onde ele venceu com larga vantagem (outra fraude) a professora Sviatlana Tsikhanouskaya, inúmeros protestos pacíficos começaram na capital e se estenderam por praticamente todas as cidades do país. A União Européia não reconhece o resultado e o ditador pediu apoio russo, que nos acordos somente pode atuar em caso de invasão externa.

Os protestos continuam com mortes das pessoas, a mídia independente severamente atacada por noticiar as barbaridades que a polícia comete contra os manifestantes. Nas eleições anteriores havia manifestação após o resultado, mas com a severa punição as pessoas desistiam de ir às ruas, mas agora tudo mudou.

Os cidadãos estão cansados das mentiras do ditador, principalmente em relação ao COVID-19. Hospitais cheios, pessoas morrem de corona e ele diz estar tudo bem. No começo afirmava que a economia não podia parar e quando alguém falecia ocorria descaso. Se fosse um idoso apontava ser culpa da pessoa que, por ser vulnerável, saia às ruas. Tempos depois dizia que pessoas de idade deveriam se cuidar e ficar em casa.


Volha Franco, cidadã de Belarus, professora de russo e que atualmente vive em Salvador fez uma live no Facebook dia 16/08 para contar mais sobre a história do país e a situação atual. Seu relato aponta que pessoas são presas e acusadas de manifestaram contra o regime apenas por estarem na rua. Um dos idiomas oficiais é o russo e quem fala a língua de Belarus por muito tempo foi considerado inimigo do país, outra manobra do ditador que mexeu na constituição se poder.

Lukashenko, ao que tudo indica, se isolará dos demais países e algumas embaixadas de Belarus pelo mundo já romperam com ele e não reconhecem o resultado. Putin não parece disposto a gastar energias para mantê-lo no poder e no máximo oferecerá asilo político. A China, que recentemente emprestou dinheiro ao país, apenas vai querer que os contratos sejam cumpridos e quem entrar no poder dificilmente irá contrariar os chineses. Ou seja, aparentemente a queda do ditador está próxima

Conheci Volha em um curso com palestra em russo (estudo a língua tem aproximadamente 3 anos) e em português e ela contou histórias lindíssimas sobre Belarus e, também, os crimes cometidos pelo ditador e a situação atual. Ela gentilmente respondeu algumas perguntas para o blog onde fala sobre o motivo de ter vindo ao Brasil, um pouco de como foi viver na ditadura e o período atual.

Acesse  "Belarus: conversa com Volha Francoe confira!

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