Rede Globo boicota torcida, mas exibe passista pró-impeachment
Sócrates, ex-jogador, afirmou: se as torcidas organizadas tivessem noção da capacidade de mobilização com certeza paravam de brigar para poder protestar
Por Thiago Marcondes
Carnaval de São Paulo, dia 06/02/2016, a passista Ju Isen, da Peruche, tira a fantasia para mostrar o tapa-sexo com apoio ao impeachment de Dilma e a Rede Globo apresenta o caso em vários jornais, inclusive durante o desfile.
Quinta-feira, dia 11/02/2016, o Corinthians jogou contra o Capivariano pelo Paulistão e venceu por 2x1. Resultado normal se comparar a qualidade técnica das equipes e os investimentos realizados de cada lado. Nenhuma novidade nisso e a partida seria normal se não houvesse confronto entre torcida e polícia militar.
A torcida organizada Gaviões da Fiel levantou faixas contra a Rede Globo onde afirmava que o Corinthians não é o quintal da emissora. Frases contra a CBF também foram expostas e a polícia solicitou a retirada. A torcida ora obedecia e ora desobedecia a ordem que com certeza veio do alto escalão.
No setor Norte da Arena a polícia entrou em confronto com a torcida que, de forma geral, correu para evitar uma briga. No setor Sul, do outro lado do estádio, um casal conversava e falaram que aquela atitude remetia à ditadura. Três policiais os expulsaram do estádio e afirmaram que ambos estavam no evento esportivo com objetivos políticos. Eles perderam todo o segundo tempo do jogo.
Domingo, dia 14/02/2016, clássico contra o São Paulo e mais uma vez a torcida driblou a revista da polícia militar e apresentou faixas de protesto contra a Rede Globo, C.B.F. (Confederação Brasileira de Futebol), F.P.F. (Federação Paulista de Futebol) e contra o esquema de desvio de dinheiro da merenda, ocorrido na gestão do Geraldo Alckmin. Mais uma vez a emissora deixou passar em branco e não citou nada.
A torcida não utilizou o clube para protestar e fez tudo em seu próprio nome e no espaço cedido a ela. Os torcedores, quando protestam em seu espaço sem interferir no evento através de invasões ou com uso de sinalizadores, não prejudica o time. A passista tentou utilizar a avenida e o nome da agremiação para protestar em favor próprio. Com essa atitude colocou em risco o trabalho de um ano inteiro de muitos profissionais e da própria comunidade.
A polícia agiu rapidamente na retirada do casal, porém não fez direito o trabalho de revista dos torcedores, que entraram com faixas de protesto em dois jogos consecutivos.
A situação do casal não chegou à mídia e seria injustiça afirmar que não noticiaram. Porém os meios de comunicação, principalmente a Globo, foi negligente em relação ao trabalho de revista da polícia militar.
A polícia agiu rapidamente na retirada do casal, porém não fez direito o trabalho de revista dos torcedores, que entraram com faixas de protesto em dois jogos consecutivos.
A situação do casal não chegou à mídia e seria injustiça afirmar que não noticiaram. Porém os meios de comunicação, principalmente a Globo, foi negligente em relação ao trabalho de revista da polícia militar.
A emissora, ou melhor, as emissoras, devem noticiar os fatos ocorridos sem escolher o que e como vão apresentá-los. A Folha de São Paulo soltou a notícia e não fez menção ao governo do estado, porém, ao falar da passista, citou o impeachment. Não, e nunca houve, imparcialidade na mídia e isso provavelmente nunca vai ocorrer, mas a forma como os grandes empresários de comunicação no Brasil atuam hoje chega a ser lamentável.
Agir dessa forma mostra a opinião dos donos do poder e como tentam direcionar o pensamento das pessoas, seja na televisão, rádio, jornais ou revistas, de forma sutil, porém extremamente eficaz. Após os fatos citados os comentários nas ruas são que os torcedores são vagabundos e briguentos (muitos apenas querem a violência e isso deve ser admitido) enquanto a passista apenas desejava protestar sua indignação com a situação do país.
Protestar é direito do cidadão e a passista da Peruche poderia ter feito isso na arquibancada do Sambódromo, pois assim não comprometeria o desfile e o trabalho da escola. Podem afirmar que assim não teria tamanha visibilidade, mas ao pensar assim apenas afirma-se que os fins justificam os meios e nem sempre isso é uma verdade absoluta. Em relação a torcida o protesto foi válido, pois não havia xingamento em nome de pessoas e no domingo não houve violência.
Independente da posição política, praticamente toda pessoa é consumidora dos produtos dos meios de comunicação. Existe a necessidade de se atentar aos discursos para não consumir (ainda mais) notícias enlatadas e sem realizar o mínimo de reflexão com coerência.
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Comentários
Muito bom o texto parabéns.
Parabéns ao blog, adicionado na minha lista de leituras.