Dia 1º de maio: festa ou farra???

Feriado do Trabalhador tem shows, prêmios e pouco debate para melhorar as condições de trabalho

Por Thiago Marcondes

O 1º de Maio de todo ano celebra-se o "Dia do Trabalhador" em homenagem à todos os trabalhadores do mundo. Em muitos países são realizadas festas públicas para comemorar o dia da luta, e do luto, por conta dos protestos que existiram no final do século XIX.

Tudo começou no dia 01 de maio de 1886 na cidade de Chicago, nos  Estado Unidos, onde trabalhadores realizaram uma greve geral para reduzirem a carga horária de 13 para 08 horas diárias. Houve repressão policial, como já era de se esperar (nos dias atuais ainda acontece muito, sinal de que a sociedade não evoluiu tanto assim), e operários foram presos, feridos e mortos.

O Dia Mundial do Trabalhador somente foi reconhecido em 1889 em um congresso socialista realizado em Paris. A decisão foi para homenagear os operários mortos na cidade estadunidense e, à partir daquele ano, comemora-se a data.

Isso foi somente uma pitada da história para lembrar que a exploração do ser humano sempre existiu e perpetua em muitos lugares até hoje. No Brasil ainda existe trabalho escravo no norte e nordeste onde os próprios brasileiros são vítimas. Já em São Paulo, uma grande metrópole, bolivianos viviem em péssimas condições nas fábricas de costura.

Para celebrar o 1º de Maio de 2011 temos o salário mínimo de R$  545,00, que serve para sustentar a família, pagar aluguel e, se sobrar (UTOPIA), fazer programas de lazer. Os políticos afirmaram não ter como aumentar mais esse valor, porém seus salários foram elevados em mais de 60% conforme o artigo "E o salário ó!!!".

Para se aposentar por tempo de serviço as leis estão cada vez mais difícies, inclusive para os trabalhadores com emprego de risco e com insalubridade. Enquanto isso, políticos têm direito à aposentadoria integral por conta de 02 mandatos e, em muitos casos, nem chegaram a completá-los.

A carga horária que os sindicatos tanto almejam baixar de 44 para 40 horas semanais tornou-se outra opção de melhoria, porém  acredita-se que o povo não terá acesso. Existe um projeto de lei para isso, mas a probabilidade de ser aprovada é mínima e direi o motivo. Muitos políticos são empresários e se houver a diminuição terão de pagar o mesmo salário aos trabalhadores por menos tempo nas empresas. Com certeza não tomarão uma medida para se autoprejudicarem.

Não posso deixar de citar algumas melhorias como a quantidade de empregos com carteira assinada e, também, a melhoria na economia brasileira onde povo obteve maior poder de consumo. Mas ainda assim muitas empresas se recusam a pagar horas extras ou manter um banco de horas quando necessitam que um trabalhador fique além do horário estipulado.

As centrais sindicais farão no dia 1º de maio com shows, prêmios e festa para a população. Parte dos custos serão bancados com a contribuição sindical de cada trabalhodor e outra parte de será proveniente de patrocínios de empresas públicas como a Petrobrás.

Os motivos para celebração do Dia Mundial do Trabalho não acabam por aí e agora vem o que mais assuta a população. Pelo menos eu tenho escutado isso. As pessoas não reclamam por conta de todos os problemas citados, mas sim porque em 2011 o feriado será em um domingo e, sendo assim, não terão um feriado prolongado. 

Tudo pronto para a festa, porque a farra começou há um bom tempo...

Thiago Marcondes é Jornalista

Comentários

Este 1º. de Maio em Portugal vai ser triste...
dos poucos direitos que havia vão retirá-los
quase todos, por causa do empréstimo que Portugal vai contrair. Estão-nos tirando tudo.
Uma vergonha.
Bj.
Irene
Alexandre Souza disse…
Muito bom Thiago, aproveito a oportunidade para fazer um apelo: por favor mulheres, não comprem mais roupas nas Lojas Marisa, foram encontrados bolivianos trabalhando em regime de semi-escravidão nas oficinas de costura terceirizadas. Agora vão dizer que eles não sabiam !!!"!!

Postagens mais visitadas deste blog

Nos E.U.A. morar em trailer não significa ser viajante ou rico

Beasts of No Nation: um choque de realidade

Vida de Pasteleiro