Páscoa, páscoa, páscoa...

"Coelhinho da Páscoa o que trazes pra mim?"

Por Thiago Marcondes

A semana que antecede o feriado de Páscoa está na metade e tudo o que se escuta falar por aí são em chocolates. Sejam eles brancos, negros, amargos, trufados, brigadeiro e todas as variações possíveis e impossíveis. Por onde se passa só exista "páscoa, páscoa e páscoa".

Mas, por incrível que pareça, o feriado em abril de 2011 é bem em uma semana repleta de dias históricos para o Brasil como o Dia do Índio comemorado dia 19, Tiradentes e a Sexta-feira da Paixão no dia 21, o Descobrimento do Brasil no dia 22 e a Páscoa (Ressurreição de Cristo) dia 24.

Nos jornais e na televisão pouco (ou nada!!!) tem sobre a importância das datas. O índio, coitado, ficou esquecido por tudo e por todos, como sempre. Se pudessem excluíriam essa comemoração do calendário, pois como escutei ontem eles "podem fazer o que quiserem e não serão presos, pois são protegidos pela lei". Absurdo? Que nada! Loucos são aqueles que os defendem...

Para comprender melhor a situação leiam "Dia do Índio. Qual sociedade é composta por selvagens?", escrito pelo jornalista Leonardo Sakamoto.

Tiradentes, considerado um mártir da independência, foi enforcado e teve sua cabeça exposta para toda a sociedade carioca no século XVIII. Atualmente só é lembrado por ser uma uma famosa cidade mineira e já não tem mais uma corda em seu pescoço em praça pública, já que seu nome e seus atos caíram no ostracismo.

O Descobrimento do Brasil, nação pátria e da qual todo brasileiro deveria se orgulhar, foi amplamente divulgado em 2000, na comemoração dos seus 500 anos e depois jogado ao vento. Não que os portugueses tenham feito mais coisas boas do que ruins (vale lembrar que índios e negros comeram o pão que o diabo amassou nas mãos deles), mas deve-se celebrar por se tratar da história da nação.

O antropólogo Darcy Ribeiro, falecido em 1997, escreveu o livro "O Povo Brasileiro" e nele pode-se entender melhor a situação vivida por negros e índios desde a formação do Brasil até os dias atuais.

A Ressurreição de Cristo ficou para trás há um bom tempo, menos pelos cristãos mais fervorosos e sempre presentes nos cultos e missas. Porém, grande parte dos adultos e crianças não se lembram do fato. Nesses casos a fé está naqueles que ganharão ovos de páscoa no domingo.

O escritor Ivan Jubert escreveu o texto "Semana Santa" e retrata melhor essa prática religiosa e comercial da situação, que leva muitas a gastarem o que não tem o poucos a ganharem mais e mais.

Tudo isso não serve para condenar a troca de chocolates na páscoa, que faz as pessoas esquecerem de todo o resto, mas sim para ressaltar que existem comemorações mais importantes e que ao longo do tempo são esquecidas pela sociedade e que são parte de nossa herança histórica. Culpa de quem? Do "Coelhinho da Páscoa".

Feliz Páscoa à todos!

Thiago Marcondes é Jornalista

Comentários

Também é valido para o Natal, onde as pessoas pensam em viajar, gastar, comer, etc... mas, esquecem o seu verdadeiro sentido!
Anônimo disse…
É meu amigo, você disse bem. O chocolate está acabando com nossa história. Na verdade, até a Páscoa já acabou. Ouço pessoas se despedindo e se desejando Bom Feriado. Ninguém se lembra de Cristo, de Tiradentes e muito menos do índio.
Que pena!
Ivan

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