Parabéns aos Estados Unidos pelo "Independence Day"

No dia de sua liberdade, o império estadunidense não tem muito o que comemorar por conta de guerras e problemas econômicos

Por Thiago Marcondes

No dia 04 de julho os Estados Unidos da América comemoram a independência da Inglaterra, sua colonizadora, com festas, honrarias e a celebração de uma sociedade democrática e livre.

Thomas Jefferson foi o responsável pela proclamação, que gerou atritos com os ingleses e uma guerra iniciou-se. Em 1783, apoiados pelos espanhóis e franceses, os estadunidenses finalmente venceram a batalha e se viram realmente livres como nação.

O país, para sair de colonizado e ser tornar um império, precisou estabilizar a economia após a quebra da bolsa em 1929, onde inúmeras pessoas perderam suas riquezas e chegaram até a tirar a própria vida, e vencer algumas guerras como por exemplo a 2ª Guerra Mundial, após praticamente destruir o Japão e expandir sua cultura através do "American Way of Life".

A expressão foi utilizada pela mídia para ajudar os estadunidenses a vencer a Guerra Fria contra os comunistas, em especial os soviéticos, desde 1945 até a queda do muro de Berlim e o final da U.R.S.S. (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Os Estados Unidos, com sua ideologia de expandir a democracia e a sociedade livre para fazer suas próprias escolhas, financiaram ditaduras direitistas na Amélica Latina nas décadas de 60 e 70 e fizeram com que Brasil, Argentina e Chile (somente para citar alguns exemplos) vivessem anos de chumbo e de repressão contra o povo. Tudo isso para evitar a influência comunista na região. Os governos ruíram, mas deixaram sequelas absurdas como desaparecidos e muitas pessoas mortas.

Ainda nesse período perderam a guerra do Vietnã e tiveram de sair às pressas do país asiático para que mais vidas perdidas e dinheiro não fosse gasto. Na década de 80 apoiou os Talebãs (aqueles do Afeganistão) contras os soviéticos e, também, o Iraque de Saddam Hussein contra os iranianos, que implantaram um regime teocrático em 1979 após a derrubada do Xá Reza Palevi.

Na Guerra do Golfo, quando o Iraque invadiu o Kuwait por querer seu petróleo, eles enviaram tropas para vencer Saddam. Aquele mesmo que apoiaram anos atrás com fornecimento de armas.

Sem o legado do comunismo para combater encontraram no islamismo um novo inimigo para criarem guerras e expandir sua democracia. Na África, durante a década de 90, largaram a Somália à deriva (atualmente o país permanece sem governo) e deram as costas para o problema do genocídio em  Ruanda, onde quase 01 milhão de pessoas morreram em menos de 02 meses de guerra cívil. A O.N.U. (Organização das Nações Unidas), quintal estadunidense para brincar de controlar o mundo, alegou não poder fazer nada diante de tamanha brutalidade.

Em 2001, após os atentados de 11/09, culparam primeiro Osama bin Laden, morto recentemente, e invadiram o Afeganistão para à todo custo impor a democracia e liberdade ao povo, em essencial às mulheres, que viviam (nas regiões mais remotas ainda vivem) sob repressão do regime Talebã. Lutaram contra pessoas que tinha em mãos armas fornecidas por eles mesmos na década de 80. Isso viria a ocorrer também no Iraque.

O Iraque foi invadido em 2003 sob a alegação de que o país teria armas químicas e de destruição em massa, que jamais foram encontradas e evidências apontam que o motivo da guerra foi somente para obter controle do petróleo, já que os Estados Unidos são dependentes desse produto.

A economia ruiu novamente por conta do "boom" imobiliário e se viram afundados em dívidas internas e externas, principalmente pelo custo elevado de ambas as guerras. Nesse momento a sociedade já não apoia os conflitos e muitas vidas de soldades foram perdidas.

Já entre o final de 2010 e o começo de 2011 os países árabes, alguns ao norte da África, como Tunísia, Líbia, Egita, Síria, Iêmen e Bahrein, começaram protestos contra seus ditadores (todos apoiados pelos governos estadunidenses desde 1960 em diante) para obterem melhores condições em sua sociedade. O povo deseja empregos, melhoras na economia e mais liberdade.

Os Estados Unidos se viram contra a parede nesses casos porque sempre afirmaram que o melhor meio de se governar é a democracia, mas seus aliados nesse canto do mundo tinham (e ainda tem como na Arábia Saudita) ditadores que governavam com violência e forte repressão contra a população.

Nesse cenário de incertezas, guerras e opinões distintas para governos similares que os Estados Únidos da América completam 235 anos de independência, democracia e sociedade livre e, ao tentarem divulgar (entende-se por IMPOR) "American Way of Life" causam mais conflitos e deixam as nações vulneráveis, nas mãos de corruptos e gente que governa com mão-de-ferro.

Thiago Marcondes é Jornalista

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