Bruxas da Noite: as aviadoras soviéticas
A Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, onde os alemães saíram derrotados, até hoje é objeto de estudo e no mundo todo livros sempre são lançados com novas histórias e fatos sobre o fatídico evento. Inclusive existem relançamentos com novos fatos e narrativas sobre a guerra, que na Rússia é conhecida como a Grande Guerra Patriótica.
Fala-se muito dos E.U.A. e Rússia, além de Alemanha, Itália e Japão na guerra e, de forma geral, sempre são destacados personagens masculinos como heróis e bravos lutadores. Ao longo do período as mulheres, como um padrão na época, atuavam como enfermeiras, cozinheiras e cuidavam da família tiveram pouco destaque.
O livro "Bruxas da Noite: A História não Contada do Regimento Aéreo Feminino Russo Durante a Segunda Guerra Mundial" tem relatos incríveis sobre a bravura das mulheres que deixaram família e filhos para servir à pátria como aviadoras.
Escrito por Ritanna Armeni e Eleonora Macini o livro tem relatos do 588º Regimento Aéreo Noturno Soviético composto apenas por mulheres, que foram recrutadas e treinadas para pilotarem e consertarem os aviões. Suas batalhas eram contra o Terceiro Reich e sem o apoio delas a vitória soviética teria sido mais difícil, pois a forma que atacavam os inimigos os deixavam intrigados sem conseguirem saber de onde e quem os atingiam com bombas.
Marina Raskova, coronel das poderosas forças armadas soviéticas, conseguiu persuadir Josef Stalin a criar o regimento somente com mulheres e em uma época onde o machismo imperava, mesmo na U.R.S.S. onde as mulheres já tinham direitos, sofreram com preconceitos e outros oficiais, a princípio, não queriam auxiliá-las. Os uniformes e calçados recebidos eram os mesmos que os homens e, além disso, tiveram que cortar os cabelos. Ou seja, não fizeram nada para adaptar a aviação às condições femininas.
À princípio pensavam que teriam os melhores aviões e equipamentos para combate, mas isso não ocorreu. Recebem o bimotor "Polikarpov", de madeira. Apenas dois lugares e os ocupantes, após se acomodarem, ficam com o busto para fora do avião. Como lutar em uma guerra, contra os nazistas que estavam bem equipados?
Diante das adversidades as mulheres tiraram vantagens, pois o pequeno bimotor voava em baixa em altitude e os radares não as localizavam. Porém, se localizadas pelas luzes por voarem tão baixo, facilmente seriam abatidas. Ocorreram muitas baixas de ambos os lados, mas as mulheres levaram a melhor e algumas delas condecoradas.
O livro tem muitas histórias e detalhes interessantes, porém após o término da guerra o governo soviético destacou apenas os homens como heróis e suas batalhas. As Bruxas da Noite, apelidadas pelos alemães porque quando atacados não sabiam o que era, de onde vinham e, principalmente, que eram derrotados por mulheres, não tiveram seu devido lugar de destaque na história. Pelo menos não à época isso não ocorreu e graças aos historiadores, jornalistas e escritores hoje essas histórias são contadas
Boa parte dos relatos do livro parte de uma sobrevivente chamada "Irina Vyacheslavovna Rakobolskaya", matemática e física e que trabalhou para a Universidade de Moscou. As autoras do livro, Armeni e Mancini, além de terem realizado inúmeras pesquisas entrevistaram por um logo tempo a bruxa, o que enriquece essa obra.
Ficha Técnica
Livro: Bruxas da Noite: A História não Contada do Regimento Aéreo Feminino Russo Durante a Segunda Guerra Mundial
Autoras: Ritanna Armeni e Eleonora Macini
Editora: Seoman
Publicação: 2019
Páginas: 248
Comentários
Parabéns pelo ótimo conteúdo.