Beasts of No Nation: um choque de realidade
Forte, realista e chocante a vida dos meninos-soldados
Por Thiago Marcondes
Lançado em outubro de 2015 nos cinemas e no Netflix o filme "Beasts of no Nation" é uma realização de Cary Fukunaga e baseado no livro de Uzondinma Iweala. A película retrata a situação da guerra civil na África onde crianças são recrutadas para a luta armada.
Lançado em outubro de 2015 nos cinemas e no Netflix o filme "Beasts of no Nation" é uma realização de Cary Fukunaga e baseado no livro de Uzondinma Iweala. A película retrata a situação da guerra civil na África onde crianças são recrutadas para a luta armada.
O cenário do filme é nas florestas africanas, porém o autor não informa o nome do país onde se passa a guerra apesar de ser conhecido que Camarões, Nigéria, Sudão, Costa do Marfim e muitos outros países do continente passaram (e ainda passam) pelo mesmo problema.
O vilarejo onde vive Agu, um menino feliz e imaginativo durante sua infância, sofre o ataque do exército do governo que tenta dominar as regiões do país para seu líder assumir o controle. Antes do confronto os líderes locais decidem que mulheres e crianças devem mudar de cidades enquanto os homens permanecerão para defender o território.
O drama do menino Agu começa quando seu pai não consegue um lugar no transporte e somente sua mãe com uma irmã e um irmão pequenos saem da cidade. Ele fica junto ao pai e um irmão mais velho. Nesse momento começa seu drama, pois parte da família foi desfeita por conta dos conflitos.
Com seu pai e irmão mortos pelo exército do governo ele foge para a floresta e um grupo rebelde o captura e o recruta como menino-soldado para tentar retomar o controle das cidades e do país. À partir desse momento a vida se torna um verdadeiro inferno.
Agu passa por treinamento, carrega munição, mata um refém e recebe uma arma para começar a lutar juntos aos rebeldes. Uso de drogas, violência, mortes e abuso sexual são rotinas constantes do menino que fica em estado de choque após ser estuprado pelo comandante do grupo.
O filme trata uma realidade existente no mundo e que causa muitos traumas em inúmeras pessoas, destrói famílias e muitos não se recuperam. Os governos locais e os rebeldes parecem não dar importância a situação, pois quem não recruta crianças as matam para não se tornarem parte das milícias e grupos combatentes.
Muitos morrem, outros permanecem vivos e com os rebeldes e há os acolhidos por ONG's e outras instituições para receberem tratamento, educação e auxílio psicológico. Recuperar esses meninos-soldados é extremamente difícil, pois a infância não acontece duas vezes e eles perdem a melhor fase da vida, aquela para brincar sem ter preocupação com praticamente nada.
Famílias são destruídas e o ódio plantado na mente das crianças. Não há desejo de sobreviver, mas sim de acabar com o inimigo, que muitas vezes pode ser o vizinho ou o colega da escola.
Grandes governos fazem vistas grossas para esses problemas e deixam que cada país cuide de seus assuntos internos. O problema dos meninos-soldados era conhecido somente na África, mas atualmente acredita-se que o Estado Islâmico recruta e treina crianças para combater em territórios sírio e iraquiano.
Recrutar garotos é um método antigo que pode não recuperar as crianças, as famílias e as vítimas, pois a sociedade, com o tempo, consegue superar os problemas das guerras e se erguer novamente. Claro que isso depende de como o país vai ser conduzido e se as partes envolvidas almejam paz.
O filme serve para abrir os olhos da sociedade em relação aos problemas e atrocidades no mundo que muitas vezes grandes jornais, revistas e TV's não relatam por não atenderem aos padrões comerciais. Ou seja, não rendem dinheiro de publicidade pelo fato de não ter audiência do público.
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