A internet e a manipulação das pessoas

Há tempos toda a sociedade, basicamente o mundo todo com exceção de alguns países mais fechados como a  Coréia do Norte, dependem e muito da internet para informações, notícias, lazer, trocas de mensagens com amigos e familiares e até mesmo para transações bancárias. Ah, antes que falem de Cuba, em 2014 estive lá e wi-fi não havia nas ruas e praças e usar a internet era muito caro, porém isso tem mudado e os cidadãos e turistas contam com acessos em diversos pontos do país.

Como tudo tem seu lado bom e seu lado ruim, a internet nos últimos anos tornou-se um ambiente de discussões onde as pessoas opinam e são especialistas em tudo. Através de FacebookInstagramTwitter e Whastapp propagam aquilo que pensam e acreditam e os políticos aproveitaram essa onda para divulgar seus planos de governo, ideias etc. Com isso vieram também as chamadas fakenews, onde políticos, influenciadores e/ou celebridades divulgam conteúdo sem qualquer tipo de checagem.

Acredita-se que os russos usaram desse artifício para interferir nas eleições dos Estados Unidas da América em 2016 para eleger Donald Trump. No Brasil, em 2018, uma onda de fakenews, disparadas por robôs, enviavam notícias falsas pelas redes com mentiras sobre os demais candidatos, o que pode ter influenciado na eleição do atual presidente Jair Messias Bolsonaro.

Na África não seria diferente, mesmo que a quantidade de pessoas com acesso à internet no continente seja menor que no resto do mundo. De acordo com a reportagem "Manipulação digital na África", veiculada na revista Le Monde Diplomatique Brasil, foi na Nigéria e no Quênia que a Cambrige Analytica usou suas técnica fraudulentas para coleta de dados e disseminação de informações de acordo com idade, sexo, preferências culturais e políticas. À partir disso traçaram perfis para criar e espalhar notícias direcionadas para cada segmento.

Próximo das eleições alguns países africanos decidiram diminuir a velocidade da internet e até mesmo bloqueá-la para que opositores não fizessem campanha, porém isso tem um custo muito alto porque impacta as empresas com negócios pelo mundo. Uganda, por exemplo, decidiu taxar sua população em aproximadamente R$ 0,30 por dia para ter acesso ao Facebook, Twitter ou Whatsapp e isso agrava ainda mais a desigualdade social no país, pois os mais pobres ficam privados do acesso. Ou usam o dinheiro para comida e moradia, ou para internet.

No continente o uso de computadores, na década de 2000, era para poucos por conta do alto custo para a compra do equipamento. Além disso havia a questão da telefonia fixa com preço elevado e impedia as pessoas de acessarem a internet. Isso abriu a entrada para o uso dos smartphones, aparelhos com muitas funções de um computador e acesso à internet.

Aproximadamente 39% da população da África tem acesso à internet contra 50% no restante do mundo, mas isso é uma tendência que irá mudar. Muitas pessoas conectadas nos aeroportos não perdem mais missas, cultos ou orações em mesquitas e até mesmo as aulas. Existem tendências no mundo e no continente em relação ao uso das plataformas, pois a mídia tradicional tem perdido credibilidade e isso abre espaço para blogueiros e outros influenciadores que muitas vezes apresentam discursos de ódio. Espera-se que as empresas saibam fazer um bom uso das ferramentas para não propagaram ainda mais ódio e revolta em um continente assolado pela fome, guerra e miséria.

Para quem tem interesse em saber mais sobre o uso das tecnologias recomendo os filmes "O Dilema das Redes" e "Rede de Ódio". O primeiro é uma espécie de documentário com ex-funcionários de mídias digitais falam sobre como criam as plataformas e fazem com que as pessoas sejam o produto. O segundo fala bastante sobre fakenews, robôs e manipulação de pessoas em relação à política, onde conseguem que atos contra a vida sejam realizados por conta de falsos ideias. Ou seja, basicamente tudo pelo poder.

Comentários

Allan Calixto disse…
Muito bom, Thiago. Sempre nos enriquecendo com informações relevantes e correntes. Ótimo texto.

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