Tour por Alta Montanha na região do Aconcágua

Por Thiago Marcondes

Em Mendoza existem várias opções de tour para conhecer a cidade e a região. Este blog citou o "Tour for tips" onde o turista pode conhecer a cidade através de um passeio a pé. Porém há possibilidade de visitar outros lugares como Villavicencio, Cañón de Atual, Termas de Cachueta e Alta Montanha e mais alguns. No inverno, que é rigoroso, tem opção de esquiar.

Estive na cidade em maio e o mais sugerido foi realizar o tour chamado "Alta Montanha", pois assim poderia ver algumas paisagens da região e, possivelmente, chegar ao ponto mais alto dentro do Parque Provincial Aconcagua, Cristo Redentor, com altitude superior a 4.000 metros. Geralmente isso ocorre nos meses de janeiro e fevereiro, mas se tiver sorte é possível visita-lo em outros períodos do ano.

Não há necessidade de reservar o passeio com antecedência, pois ao chegar na cidade basta procurar uma agência e realizar o pagamento. Como sou ansioso e gosto de tudo sempre confirmado previamente acessei o site Mendoza un lugar e reservei antes de chegar à cidade.

A agência retorna por e-mail e sugere o pagamento dos 650 pesos por cartão, mas como existem taxas extras da operadora optei por pagar em dinheiro assim que chegasse à cidade e, com isso, consegui um desconto de 100 pesos. De acordo com eles essa é a melhor opção, pois assim conquistam a confiança do turista para que não procure outra empresa de turismo.

Maio não é período de nevascas e chuvas, mas 2016 está atípico e choveu por 10 dias seguidos na cidade além de nevar muito na cordilheira. Isso pode atrapalhar um pouco o passeio porque a estrada que leva até o Parque Provincial Aconcagua é internacional e há um grande fluxo de pessoas que vão e voltam do Chile. Quando neva muito fecha-se a fronteira e isso gera um pouco de trânsito na região.

Por sorte a fronteira havia sido reaberta um dia antes do passeio e isso não atrapalhou o roteiro. Ao longo do caminho o guia fornece explicações sobre a região, os povos originários que ali viveram e faz uma parada em um lago artificial que represa a água derretida das montanhas e abastece toda a região de Mendoza.

Foto por Thiago Marcondes

Como todo tour feito através de agência não pode faltar a parada básica para a turma ir ao banheiro, comprar um café ou algo para comer. Isso sempre ocorre em alguma lojinha determinada pelos guias e combinada com os donos. Ao longo do passe parou-se em uma pequena cidade chamada Uspallata, que abriga um centro militar para treinamentos.

Na região existem hotéis e hostels, pois muitas pessoas optam por ficar em um lugar mais calmo e tranquilo e à partir dele sair para conhecer a região.

Uspallata / Foto por Thiago Marcondes


A estrada, em sua maior parte, tem apenas uma via de ida e outra de volta o que dificulta a ultrapassagem entre veículos. Por ser uma rota internacional, com grande fluxo de caminhões de diversos países como Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, acredita-se que deveria ter mais estrutura, mas não creio que isso acontecerá em breve. Durante o percurso o guia mostra como era a estrada antiga e quais perigos ofereciam aos viajantes.

Estações de trem abandonadas são vistas e cidades que existiam por conta disso comércio desapareceram depois da privatização nos anos 90. De acordo com os argentinos quando as empresas que administravam não obtiveram lucro foram embora e deixaram milhares de desempregados.

Nota: O povo argentino está um pouco assutado com o presidente Macri, pois ele tomou algumas medidas similares às da década de 90 e que quebraram o país.

Mesmo sem neve o guia fez uma parada na estação de esquie chamada "Penitentes" para que os turistas subissem até uma parte da montanha, através de um teleférico, para ter uma vista privilegiada da região. Confesso que jamais andei no teleférico do playcenter por causa do medo, mas nesse caso resolvi encarar. Valor da entrada é de 150 pesos e sobe quem tiver vontade.

Na agência não informaram sobre o valor da entrada e eu e minha esposa fomos pegos desprevenidos. Foram gastos 300 pesos para as subida e sobraram apenas 180 pesos. para almoçar. O final dessa história conto mais abaixo.

Foto por Thiago Marcondes

Foto por Carolina Giurno


O passeio segue por mais uns minutos e a parada ocorre na "Puente del Inca", uma formação rochosa que forma uma ponte natural sobre o rio Las Cuevas. No passado existia um hotel na região que foi destruído por uma avalanche e, de acordo com o guia, o ex-presidente Perón esquiava na região e depois se banhava nas águas termais. Em épocas passadas foi rota para o Exército dos Andes que iam ao Chile.

A parada dura cerca de 20 minutos para tirar fotos, ouvir as explicações do guia e, se preferir, comprar algum souvenir feito com o material extraído da ponte. Atualmente somente as pessoas que moram na região têm permissão para acessar a ponte e obter os materiais para trabalho.

Puente del Inca / Foto por Carolina Giurno

Durante toda a programação do passeio acreditei que de fato estaria no Monte Aconcágua, mas isso não aconteceu. O tour vai até o Parque Provincial Aconcagua e o guia faz uma parada na estrada para mostrar aos turistas qual das montanhas é o monte. Se não prestar atenção na explicação há o risco de voltar para Mendoza sem saber se viu o não a montanha.

Para fechar o passeio de forma positiva foi possível ver neve, o que não estava previsto por não ser época de inverno. O fim do tour ocorre em um restaurante bem simples com um prato de comida por 150 pesos e um refrigerante por 30 pesos. O turista sequer tem o direito de fazer o próprio prato e os garçons colocam menos comida quando se trata de uma mulher. Isso incomoda quem gosta de fazer uma boa refeição.

Lembram que falei sobre estar desprevenido com o dinheiro, pois a agência não informou sobre a entrada? Pois é, eu e minha esposa estávamos com 180 pesos e quando chegamos ao restaurante descobrimos que o prato custaria 150. Ou seja, não daria para os dois almoçar. Com aquele jeito maroto conversei com o garçom e disse que iria dividir um prato, pois ambos comemos pouco (o que é uma grande mentira). Resumindo: foi o melhor dinheiro economizado na viagem, pois a comida não vale o preço ofertado.

Dica: se preferir leve seu próprio lanche e economize o dinheiro do almoço, pois não vale à pena.

O Monte Aconcágua fica à direita / Foto por Carolina Giurno

Foto por Carolina Giurno

O tour termina depois do almoço, que ocorre por volta de 14h e a van apenas faz outra parada em Uspallata para os turistas utilizarem o banheiro ou comprar algo. De uma forma geral o passeio foi positivo, pois existe muita história e cultura além de toda a paisagem maravilhosa da cordilheira.


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