O mito do metrô

Nos dias atuais Platão dedicaria um capitulo do livro "A República" ao transporte em São Paulo
 
Por Thiago Marcondes
 
Nos últimos meses tenho utilizado o transporte público com frequência, principalmente o metrô da cidade de São Paulo. Para ser mais específico, as linhas vermelha e amarela são as que mais tenho acesso e consigo ver a dimensão do problema. Seja de estrutura ou de educação das pessoas.
 
A linha vermelha me faz lembrar o Mito da Caverna, escrito pelo filósofo grego Platão, há praticamente 2.500 e disponível no livro "A República". As pessoas que utilizam o metrô no horário de pico, tanto de manhã quanto no final da tarde, parecem não conhecer outra realidade além daquela. Ou seja, muita gente e pouco espaço, empurra-empurra para entrar na composição sem se preocupar com o próximo, caras feias, xingamentos, discussões e total falta de educação uns com os outros.

No mito grego pessoas vivem na caverna, presas por correntes, desde o nascimento e somente conhecem a realidade através de sombras projetadas na parede. Quando um deles tem a oportunidade de explorar a caverna e o mundo lá fora compreende que não existe somente o que conheceu ao longo da vida.

O prisioneiro explorador, digamos assim, volta para falar aos demais sobre o mundo fora da caverna e sequer é reconhecido, pois sua fala, sua imagem e seu jeito são similares às sombras vistas pelos prisioneiros. Eles não percebem outra realidade além daquela, assim como muitos usuários do metrô não enxergam que há como utilizar o serviço sem a brutalidade de cada dia.

Na linha amarela a situação é diferente e os usuários se respeitam mais. Esperam as pessoas saírem e só depois entram no vagão, pedem licença e não empurram (tanto e com frequência) os demais. Claro que isso teve um grande trabalho e esforço do governo para educar o povo, pois nas estações existem informações para não ficar em frente à porta enquanto os pessoas saem do metrô. Mérito aos poderosos nesse quesito!

Ao contar aos demais usuários com funciona a linha amarela eles não acreditam, olham para você de forma diferente e pensam que vive em outra realidade. Sempre agi da mesma forma em qualquer no metrô, pois a educação e cordialidade com os demais ajuda na convivência. Aliás, vale à pena pensar que não é legal ser esmagado antes das 07h da manhã e chegar no trabalho todo amassado.

Claro que como eu muitas pessoas utilizam as linhas vermelha e amarela e sabem exatamente como agir em cada uma delas. O Mito da Caverna tem a intenção de mostrar que muitas vezes as pessoas enxergam a vida de acordo com suas crenças valores, cultura e não dão espaço para novos conhecimentos, novas atitudes, novas ações!

No caso do metrô o povo torna-se perfeitamente adaptável após utilizaram as diferentes linhas e, enquanto na linha amarela parecem "lords", na vermelha correm como os japoneses em estações de metrô de Tóquio.

Ao povo, desejo um pouco mais de educação e consciência. Aos governantes e responsáveis pelo transporte público: se conseguiram educar os usuários na linha amarela também podem fazer na linha vermelha. Basta ter vontade!!!

Thiago Marcondes é pós-graduando em Gestão de Projetos e usuário do metrô

Comentários

Geovan Sena disse…
E exatamente assim, em relação as linhas a um comportamento diferente das pessoas. Saindo do metro para SPTM ai as coisa ficam ainda pior, em um nível HARD se você cair e pisoteado. O engraçado e que são as mesmas pessoas que pegam o metro.

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