Cracolândia: problema de saúde pública

Objetivo da ação policial foi apenas de retirar os usuários da região da luz e enviá-los para outro local

Por Thiago Marcondes

Nos primeiros dias do ano de 2012 a sociedade recebeu uma grande quantidade de notícias sobre a política do município de São Paulo em relação aos usuários de crack concentrados no centro da cidade, local conhecido como a Cracolândia.

Os meios de comunicação noticiam o fato de a polícia ir ao local, dispersar os usuários de drogas e, por incrível que pareça, realizar prisões de traficantes e pessoas procuradas pela policia como se o problema estivesse resolvido. Claro que foram apenas 03 pessoas presas na operação, ou MEGA-OPERAÇÃO, pela forma como foi veiculada.

O governo, seja ele municipal, estadual ou municipal, não tem uma política de saúde pública efetiva que de fato retire os usuários da rua, faça eles se curarem do vício para inserí-los novamente na sociedade com condições de trabalho. Nas últimas operações realizadas pela polícia não foi isso que vimos.

O problema das drogas, se realmente for tratado como caso de saúde pública, deve ter acompanhamento médico, assistentes sociais e psicólogos (só para citar alguns casos) e não somente com a polícia militar de armas e cacetetes nas mãos para tratar os viciados meramente como criminosos.

A P.M. é fundamental no apoio às equipes durante a abordagem, pois alguns usuários ficam agressivos e existem traficantes na região para vender a droga. Porém, o trabalho a ser feito deve ser o de prevenção e o setor de inteligência irá trabalhar para prender os "cabeças" do esquema. Ou seja, grandes produtores do crack.

Da forma como o programa foi (e ainda é conduzido) os presos são "peixes pequenos" e com isso nunca se trabalhará a prevenção e tampouco a correção, mas sim a limpeza dos locais onde há consumidores de crack que serão jogados para outros bairros.

No momento eles incomodam simplesmente por estarem no centro de São Paulo, próximos à famosa "Sala São Paulo" onde somente os ricos e abastados têm acessos ao concertos e eventos. Nada mais é do que fazer uma limpeza em parte da cidade e enviar o "lixo" para outro local. Isso ocorreu quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil, em maio de 2007, e não mudou nada nos últimos anos

Se os viciados em crack, entre eles muitas crianças, adolescente e mulheres grávidas, estivessem no Capão Redondo ou na Cidade Tiradentes será que o governo, junto com a polícia, faria uma opreação ostensiva assim?

Thiago Marcondes é Jornalista

Comentários

Anônimo disse…
Olá Thiago, muito bom voltar a ler seus belos textos. De fato a megaoperação foi mais para aparecer na mídia do que para resolver o problema.
O crack tomou conta da cidade e a Cracolândia nada mais é do que um lugar para moradores de rua que desde há muito tempo ocupa aquele lugar. Iriam modernizar o local para atrair moradores e ainda não conseguiram. Concordo plenamente com você que enquanto não houver uma política de saúde pública, os viciados apenas mudarão de endereço.
Um forte abraço,
Ivan
Irene Alves disse…
As operações policiais são quse sempre para
aparacerer na mídia. Há dias em Portugal fizeram
uma fiscalização aos veículos transportadores
de géneros alimentares e estava lá a RTP.
Fizeram só de manhã, depois foi tudo embora.
Obrigada pela sua visita ao meu blogue.
Beijinho
Irene

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