Caso de estupro em programa da Globo foi esquecido

Para a emissora a frase "Estupra, mas não mata" deve soar vista como algo normal

Por Thiago Marcondes

Dias atrás a TV, jornais e rádios discutiam o tema BBB (Big Brother Brasil), que dispensa apresentações neste blog por ser um programa conhecido de grande parte das pessoas e, também, pelo fato deste simples blogueiro não assistí-lo, foi pauta e motivo de discussões por conta de um susposto estupro, ou abuso sexual, de parte de um dos integrantes.

O tema tomou conta da mídia, conversas em transportes coletivos, filas de banco, refeitórios de empresas, paradas na estrada e tudo o mais. O povo e os meios de comunicação sabiam apenas tratar da expulsão de Daniel, que Pedro Bial, jornalista renomado e que cobriu a queda do Muro de Berlim, noticiou que foi porque o participante quebrou uma das regras do programa.

Muitas manifestações contra o programa foram iniciadas em redes sociais como o facebook e a própria mídia insistiu no tema de forma que uma atitude fosse tomada e Daniel punido por conta do ato. A polícia carioca interviu contra a Globo, pois tal ação ocorreu em seus domínios e sob os olhos da produção do "glamouroso" BBB 2012.

Passados alguns dias o caso foi esquecido pela mídia, pois os jornais já não dizem como está a situação e se realmente Daniel será indiciado. Aliás, se o participante for levado à justiça a REDE GLOBO também deverá ser acionada como réu porque toda a ação ocorreu em suas instalações, ao vivo no PAY-PER-VIEW, sem que houvesse interrupção por parte dos produtores.

Já o povo, ah o povo, esse não esqueceu sobre o que passou na casa e a audiência do programa permanece em alta. Os telespectadores assistem para ver se terá mais barraco, bulinagens embaixo do edredom e pessoas bêbadas em situações embaraçosas para todo o Brasil. Com isso a família Marinho fica contente, pois sua emissora, que deveria prestar um serviço público, não tem uma programação decente para a sociedade e lucra com os patrocinadores e seus milhões em propagandas. Lembro aqui que as redes de televisão operam por meio de concessão cedida pelo governo e nenhuma medida foi tomada em relação ao tema. Mais uma vez vemos o estado se acanhar diante da toda poderosa Globo.

A frase célebre "Estupra, mas não mara", de Paulo Maluf, cabe bem no contexto aqui. Afinal de contas, a moça continua viva e dentro da casa (eu acho, já que não acompanho). Aliás, o participante não quebrou somente a regra do jogo, mas sim uma regra da sociedade. Não é possível que fazer sexo naquelas condições seja algo aceitável socialmente, certo Bial?!

Thiago Marcondes é Jornalista

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