Sócrates, o eterno Doutor
Médico, jogador de futebol e um pensandor em como melhorar o Brasil
Por Thiago Marcondes
Nascido no norte do país, na cidade de Belém, capital do Pará, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira completaria 58 anos em 2012 e antes mesmo de ver o Corinthians, clube pelo qual fez história ganhar mais um título, faleceu e foi jogar bola no campo dos deuses.
De família simples, Sócrates, Magrão, ou Doutor, como era conhecido, começou no mundo futebolístico no Botafogo de Ribeirão Preto e já naquele tempo, naquela cidade, polemizou por não querer treinar nos períodos em que tinha aula e residência enquanto cursava medicina. No mundo atual dificilmente alguém abre mão de ganhar dinheiro no futebol para seguir nos estudos, mas ele seguiu o seu coração e não parou de estudar.
Sua transferência para o Corinthians só ocorreu após se formar no curso, pois o que ele mais queria era estudar. Se jogador de futebol estava em segundo plano. Humano, humilde e um cara preocupado com a nação, fez campanha pela democratização do país e no alvi-negro da zona leste foi um dos idealizadores da chamada "Democracia Corinthiana".
Com passagens pela seleção brasileira, Fiorentina da Itália, Flamengo e Santos, seu clube de infância, por onde passou conquistou admiradores, fosse por seu futebol ou pela pessoa que era. Terminou seu ciclo como jogador no clube que o revelou, o Botafogo.
Sua origem política era a esquerda e nunca escondeu seu apego pelo sistema cubano e, também, Fidel Castro. Aliás, seu filho mais novo chama-se Fidel Brasileiro. Dizia que para melhorar o Brasil o governo, minimamente, deveria oferecer todos os recursos para seus povo e o principal deles é a educação. Somente ela pode transformar uma sociedade.
Um lutador em todos os sentidos, seus ideais e pensamentos sempre foram sua característica e o Doutor, apelido que nada combina com a fama de "Corinthiano, Maloqueiro e Sofredor", nunca deixou de falar sobre aquilo que acreditava. Foi crítico da C.B.F., governo brasileiro e até mesmo da atual presidência do Corinthians.
Desde jovem gostava muito de uma cervejinha com os amigos e o consumo de álcool e cigarro em excesso o deixou doente. Seu fígado foi para o céu antes mesmo que ele, mas seu legado ficará para sempre na história do país como um jogador de futebol politizado e que pensava em como melhorar a sociedade sem o enriquecimento ilícito e a miséria do povo.
Sempre fui admirador do Sócrates, tanto o filósofo quanto o jogador, mas o último, ah o último, muito me inspirou. Para alguns pouco o Brasil perdeu um ex-jogador por conta do excesso de cigarro e bebida e nada mais. Mas para milhares de outros nós perdemos um mestre, tanto na bola quanto na forma de pensar sobre o mundo.
Adeus Sócrates! Brasileiro de nome, de corpo, de alma e de coração.
Thiago Marcondes é Jornalista
Comentários
Um grande homem, que jamais foi um atleta, mas que superou suas deficiências físicas com garra e tenacidade.
Despediu-se com um título de campeão, a torcida improvisou faixas de despedida e de apreço, os jogadores se uniram e muitos nem o conheceram ou viram jogar, mas o clube não deu a ele o respeito que merecia.