Nos E.U.A. morar em trailer não significa ser viajante ou rico
Parte da sua população vive longe de casas e apartamentos
Por Thiago Marcondes
Quando se fala em trailer, aquela espécie de caminhão com junção de uma casa, as pessoas são condicionadas a pensarem em férias, viagens, comodidade, liberdade e aventura. Muitos viajam em veículos assim e podem cozinhar e parar em qualquer lugar que desejam, sem a obrigação de seguir um roteiro fechado, com datas certas ou até mesmo os famosos pacotes realizados através de agências.
Nos E.U.A. a situação não é bem assim, apesar de muita gente viajar pelo país e atravessar o continente em um trailer. A crise financeira de 2008, por conta do boom imobiliário, fez muitos cidadãos perderem suas casas e para não ficarem nas ruas optaram pelo melhor custo x benefício.
Na terra do Tio Sam, sonho de consumo de muitos no mundo, qualquer pessoa pobre é capaz de ter sua "casa" própria. Os trailers, geralmente modelos das décadas de 60 e 70, são vendidos por um preço pouco superior de um carro e seu dono pode estacioná-lo em terrenos conhecidos como "parques de casas móveis". O trailer pode custar cerca de US$ 14 mil e o aluguel mensal varia de US$ 150 até US$ 500 e isso depende de cada cidade e região.
De acordo com a matéria "A vida num trailer nos Estados Unidos" (versão para assinantes), em Aurora o aluguel de uma casa não sai por menos de US$ 1 mil e a compra está acima de US$ 130 mil. Por esse valor o comprador precisa realizar uma reforma total na residência, pois com certeza não tem condições de entrar para morar.
Existem linhas de crédito para compra de trailers e como os produtos não são caracterizados como imóveis, mas sim como veículos, as pessoas de baixa renda conseguem financiamentos sem a necessidade de apresentação de muitos papéis e burocracia. Em compensação os juros são mais altos, o que impacta negativamente na renda mensal da população.
Trailers mais antigos têm cerca de 13 m2 e apenas um ou dois quartos com espaço mínimo para a cozinha. Para chegar no segundo quarto o morador precisa passar pelo primeiro. Os modelos mais novos que custam mais caro, chegam a ter 70 m2 e com três dormitórios, uma pequena sala, além de cozinha e banheiro. Isso permite aos moradores um pouco de privacidade além de conforto, digamos assim.
Os parques de casas móveis não são bem vistos nas cidades e bairros, pois depreciam a região em que estão e os valores dos imóveis, seja para alugar ou para vender, diminuem significativamente. Alguns prefeitos dificultam a criação desses espaços, pois o mercado imobiliário faz grande lobby. Na maioria dos estados a legislação beneficia amplamente os donos dos parques e deixam os locatários sem poucos direitos.
As pessoas de bairros vizinhos relatam problemas com drogas, brigas, tiros e isso preocupa as pessoas da região e quase nunca interagem com quem mora dentro dos parques. Claramente existe uma separação e preconceito com os moradores e muitos têm vergonha de falar onde moram. Para arrumar emprego precisam apresentar comprovante de documento e há casos que não são contratados, pois os donos e gerentes dos estabelecimentos são receosos em relação as pessoas. A polícia age de forma arbitrária com os moradores dos trailers e sempre é truculenta em ações.
A infraestrutura dos parques não é das melhores e os donos nem sempre estão dispostos a resolver os problemas. Os espaços oferecem água, luz e gás encanado e geralmente os trailers são separados por uma pequena grade ou demarcação no chão. Privacidade fora da moradia não existe, pois não há quintal com separação para os vizinhos e tampouco o confinamento de um apartamento. Os espaços para os trailers com valores mais baratos geralmente são em lugares afastados e longe dos comércios. Isso obriga aos moradores dependerem de veículos próprios ou de carona dos demais moradores, pois não há transporte público próximo dos locais.
A população de moradores de trailers, em geral, são aposentados sem condições de manterem uma casa, mães solteiras e trabalhadores e baixa renda, com empregos que pagam pouco e, em muitos casos, necessitam de turnos extras para aumentar o salário do final do mês. A média salarial está em torno de US$ 1 mil por adulto, incluindo os benefícios sociais fornecidos pelo governo, e um casal ganha basicamente para se alimentar, pagar o aluguel, o financiamento da moradia e pouco sobra para qualquer outra atividade.
O aumento do aluguel ocorre e quando os moradores não têm como arcar com a diferença e precisam encontrar outro lugar para viver. Muitos com trailers que não são veículos necessitam arcar com custos de transporte, a uma valor superior a US$ 1 mil. As condições são precárias e as pessoas praticamente não têm dinheiro reserva e quando isso ocorre deixam sua propriedade para trás e vão atrás de um parque que aluga o espaço e o trailer.
O contrário também existe e há cidadãos que optam por deixar suas casas e apartamentos para viverem em trailers, pois assim diminuem os custos e podem ter vizinhos e uma vida social mais ativa. Porém são pessoas com formação acadêmica, bons empregos e com trailers modernos e podem estacioná-los em parques bem localizados. Essa parcela da população ainda é minoritária e poucos se arriscam a trocar a comodidade e conforto de uma residência.
Mais de 2 milhões de pessoas vivem sob essas condições a não há perspectiva de melhora para a sociedade. Pelo menos não em 2016, pois o governo estão mais preocupados com a corrida presidencial. Os democratas estão em dúvidas entre Hillary Clinton e Bernie Sanders encontro os republicanos se decidem por Donaldo Trump, líder das primárias, Ted Cruz e Marco Rubio. A disputa será longa e ao que tudo indica apenas Sanders, com chances reais de ser um presidenciável, tem um projeto mais voltado para o social. Todos os demais são candidatos dos empresários e vão atender sua demanda.
Quando se fala em trailer, aquela espécie de caminhão com junção de uma casa, as pessoas são condicionadas a pensarem em férias, viagens, comodidade, liberdade e aventura. Muitos viajam em veículos assim e podem cozinhar e parar em qualquer lugar que desejam, sem a obrigação de seguir um roteiro fechado, com datas certas ou até mesmo os famosos pacotes realizados através de agências.
Nos E.U.A. a situação não é bem assim, apesar de muita gente viajar pelo país e atravessar o continente em um trailer. A crise financeira de 2008, por conta do boom imobiliário, fez muitos cidadãos perderem suas casas e para não ficarem nas ruas optaram pelo melhor custo x benefício.
Na terra do Tio Sam, sonho de consumo de muitos no mundo, qualquer pessoa pobre é capaz de ter sua "casa" própria. Os trailers, geralmente modelos das décadas de 60 e 70, são vendidos por um preço pouco superior de um carro e seu dono pode estacioná-lo em terrenos conhecidos como "parques de casas móveis". O trailer pode custar cerca de US$ 14 mil e o aluguel mensal varia de US$ 150 até US$ 500 e isso depende de cada cidade e região.
De acordo com a matéria "A vida num trailer nos Estados Unidos" (versão para assinantes), em Aurora o aluguel de uma casa não sai por menos de US$ 1 mil e a compra está acima de US$ 130 mil. Por esse valor o comprador precisa realizar uma reforma total na residência, pois com certeza não tem condições de entrar para morar.
Existem linhas de crédito para compra de trailers e como os produtos não são caracterizados como imóveis, mas sim como veículos, as pessoas de baixa renda conseguem financiamentos sem a necessidade de apresentação de muitos papéis e burocracia. Em compensação os juros são mais altos, o que impacta negativamente na renda mensal da população.
Trailers mais antigos têm cerca de 13 m2 e apenas um ou dois quartos com espaço mínimo para a cozinha. Para chegar no segundo quarto o morador precisa passar pelo primeiro. Os modelos mais novos que custam mais caro, chegam a ter 70 m2 e com três dormitórios, uma pequena sala, além de cozinha e banheiro. Isso permite aos moradores um pouco de privacidade além de conforto, digamos assim.
Os parques de casas móveis não são bem vistos nas cidades e bairros, pois depreciam a região em que estão e os valores dos imóveis, seja para alugar ou para vender, diminuem significativamente. Alguns prefeitos dificultam a criação desses espaços, pois o mercado imobiliário faz grande lobby. Na maioria dos estados a legislação beneficia amplamente os donos dos parques e deixam os locatários sem poucos direitos.
As pessoas de bairros vizinhos relatam problemas com drogas, brigas, tiros e isso preocupa as pessoas da região e quase nunca interagem com quem mora dentro dos parques. Claramente existe uma separação e preconceito com os moradores e muitos têm vergonha de falar onde moram. Para arrumar emprego precisam apresentar comprovante de documento e há casos que não são contratados, pois os donos e gerentes dos estabelecimentos são receosos em relação as pessoas. A polícia age de forma arbitrária com os moradores dos trailers e sempre é truculenta em ações.
A infraestrutura dos parques não é das melhores e os donos nem sempre estão dispostos a resolver os problemas. Os espaços oferecem água, luz e gás encanado e geralmente os trailers são separados por uma pequena grade ou demarcação no chão. Privacidade fora da moradia não existe, pois não há quintal com separação para os vizinhos e tampouco o confinamento de um apartamento. Os espaços para os trailers com valores mais baratos geralmente são em lugares afastados e longe dos comércios. Isso obriga aos moradores dependerem de veículos próprios ou de carona dos demais moradores, pois não há transporte público próximo dos locais.
A população de moradores de trailers, em geral, são aposentados sem condições de manterem uma casa, mães solteiras e trabalhadores e baixa renda, com empregos que pagam pouco e, em muitos casos, necessitam de turnos extras para aumentar o salário do final do mês. A média salarial está em torno de US$ 1 mil por adulto, incluindo os benefícios sociais fornecidos pelo governo, e um casal ganha basicamente para se alimentar, pagar o aluguel, o financiamento da moradia e pouco sobra para qualquer outra atividade.
O aumento do aluguel ocorre e quando os moradores não têm como arcar com a diferença e precisam encontrar outro lugar para viver. Muitos com trailers que não são veículos necessitam arcar com custos de transporte, a uma valor superior a US$ 1 mil. As condições são precárias e as pessoas praticamente não têm dinheiro reserva e quando isso ocorre deixam sua propriedade para trás e vão atrás de um parque que aluga o espaço e o trailer.
O contrário também existe e há cidadãos que optam por deixar suas casas e apartamentos para viverem em trailers, pois assim diminuem os custos e podem ter vizinhos e uma vida social mais ativa. Porém são pessoas com formação acadêmica, bons empregos e com trailers modernos e podem estacioná-los em parques bem localizados. Essa parcela da população ainda é minoritária e poucos se arriscam a trocar a comodidade e conforto de uma residência.
Mais de 2 milhões de pessoas vivem sob essas condições a não há perspectiva de melhora para a sociedade. Pelo menos não em 2016, pois o governo estão mais preocupados com a corrida presidencial. Os democratas estão em dúvidas entre Hillary Clinton e Bernie Sanders encontro os republicanos se decidem por Donaldo Trump, líder das primárias, Ted Cruz e Marco Rubio. A disputa será longa e ao que tudo indica apenas Sanders, com chances reais de ser um presidenciável, tem um projeto mais voltado para o social. Todos os demais são candidatos dos empresários e vão atender sua demanda.
Comentários
Sem contar o tipo de convívio que cria, vamos se dizer que uma favela.
Não sei o que e pior mora nas favelas do Brasil ou nos Triles nos E.U.A