O futebol seria o ópio do povo?

Assim como os jogadores, atualmente políticos fazem pouco por seu país

Por Thiago Marcondes

A Copa América de 2011, disputada na Argentina, tem gerado inúmeras discussões por conta dos empates da seleção anfitriã contra a Bolívia (1x1) e com a Colômbia (0x0). A fraca atuação de seus badalados jogadores, em especial Messi, o melhor de mundo em 2009 e 2010, embala os debates no Brasil.

O Brasil, com jogadores como Pato, Ganso, Neymar e Robinho, também decepcionou ao empatar com a fraca Venezuela, onde o futebol é apenas o 4º esporte mais popular em 0x0. O próximo confronto é contra o Paraguai, adversário mais forte, e pode ser que uma ZEBRA (sulamericana e não africana) aparece no caminho.

O futebol, como quase sempre, domina as pautas dos meios de comunicação e, consequentemente, o cotidiano da sociedade. A preocupação com as apresentações por Brasil e Argentina é compreensível até certo ponto? Claro! Mas e quanto a situação dos países  vizinhos ao Brasil, e até mesmo com o Brasil, onde fica?

Cruzar a fronteira brasileira com qualquer país não é tarefa difícil e o controle tampouco efetivo. Por isso armas, drogas e contrabando entram e saem do Brasil com uma facilidade tremenda. Trabalhadores, em sua maioria bolivianos, passam como turistas e chegam em São Paulo para trabalharem em confecções do Bom Retiro em péssimas condições e são mantidos praticamente como escravos.

No Perú, recentemente, o candidato de esquerda Ollanta Humala foi eleito presidente do país e espera-se que reformas políticias e econômicas sejam realizadas para que o dinheiro seja distribuído e chegue às camadas mais pobres da sociedade. Assim como o Brasil, a Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela já estão nesse caminho e a população mais carente já sente as melhorias na sociedade como aumento de empregos e renda.

Por nossas bandas, em 01 mês, o governo Dilma perdeu 02 ministros por conta de supostos esquemas de corrupção. As obras para a Copa do Mundo já estão super-faturadas e muitos trabalhadores realizam greves para reivindicar melhores salários e condições de trabalho.

Na cidade de São Paulo o prefeito Gilberto Kassab, que criou um novo partido e provavelmente apoiará a gestão petista, ganhou outro aumento de salário enquanto professores e médicos da rede pública continuam com ganhos abaixo do que profissionais da área deven receber.

Os preços do combustível (escutei na CBN que o etanol aumentou depois de uma leve queda), transporte, moradia e alimentação (somente alguns exemplos) estão elevados e salário mínimo pouco acrescentou. Aliás, projetos para elevá-lo a um patamar digno de se viver não exsite e os políticos pouco querem fazer isso.

Leia o parágrafo IV do artigo 7º da Constituição brasileira e veja a mentira e o descaso contra a sociedade.

"IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;"

Indignação? Tristeza? Raiva? Calma, pois tudo isso vai passar se a seleção ganhar do Paraguai pela Copa América.

Thiago Marcondes é Jornalista

Comentários

Anônimo disse…
Mas ficamos no empate sofrido. Deixamos de ser o país do futebol há muito tempo pois o povo já não vê jogadores que suam a camisa de seus cluber e nem mesmo da seleção brasileira. Hoje, jogador muda de time assim como político muda de partido e não é por ideal, mas por dinheiro. Torcedores vão a campo para vaiar, para brigar, como se estivesse em uma sessão de descarrego.
Abraços,
Ivan

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